7 de maio de 2008

Ah se eu pudesse...

Eu não sei se felizmente ou infelizmente, essa tal de educação existe.
O lado bom é que, fazendo uso da mesma, nos tornamos pessoas de fácil convívio social e é assim que as pessoas gostam da gente.
O lado ruim é que não podemos dizer tudo o que pensamos pra qualquer pessoa.
Já pensou se você dissesse, sem filtrar, tudo o que viesse na mente? Não seria muito educado, não é mesmo?
Você não pode simplesmente xingar uma pessoa cada vez que ela te desagradar. Talvez teu irmão, mas evite tais atitudes em público, que é pra mostrar que tem educação.
A educação vem sempre acompanhada do respeito e de um pouco de medo também, né? Vai que você fala algo mais baixo a alguém muito cabra da peste e a pessoa não gosta...
É nessas horas que os pensamentos matam nossa vontade, sem nos causar maiores transtornos.
Afinal, eu tenho amor ao meu aparelho ortodôntico.
Mas o mais engraçado disso tudo é a expressão (ou a falta dela) no nosso rosto. Enquanto você pensa: “E o bambu?” você sorri e diz: “claro, pode deixar comigo”
Ou simplesmente não diz nada enquanto olha inexpressivamente pra pessoa pensando: “nossa, como você consegue ser tão babaca?”, e continua como se nada estivesse acontecendo.
Há um tempinho, na empresa onde trabalho, eu saí pra almoçar. Voltei às 13:00 e quando entrei na sala, tocou o telefone da minha mesa e a pessoa que me ligava precisava de uns documentos urgentes, que ela já estava me ligando há uns 40 minutos e blá blá blá. Fui atender à solicitação da pessoa achando que seria rápido e demorei, entre telefonemas e caça aos documentos, uns 45 minutos. Me empolguei.
Quando finalmente consigo escovar meus dentes, entrou uma menina no toilette que almoça mais tarde que eu e perguntou: “Nossa, só agora você tá vindo escovar os dentes?”
Pensamento: “E o que isso vai mudar na sua vida? Você nem sabe o que aconteceu pra eu só conseguir vir agora...”
Palavras: “Pois é, menina, eu tava entrando na sala e meu ramal tava tocando, e você sabe, como funciona meu departamento, né?”
Isso não é ser falsa, mas se eu dissesse o que pensei, causaria uma discussão desnecessária e criaria uma inimizade no meu local de trabalho.
E um dia que, voltando do trabalho, o senhor que sentou do meu lado perguntou dos terminais que o ônibus parava e depois quis saber pra onde eu estava indo, e eu disse que ia para São Bernardo. A conversa parou ali.
A viagem demoraria mais uns 45 minutos e eu acabei cochilando. Assim que o ônibus atravessou a divisa de municípios, o senhor me acordou e disse: “Viu, já estamos em São Bernardo.” A intenção dele foi boa, das melhores, mas eu só ia descer 6 pontos mais pra frente, dava pra dormir mais uns 10 minutos.
Fora que eu me assustei com o cara me acordando, por isso que fique irritada.
Eu pensei: “Que susto, caramba! Eu por um acaso pedi pra você me acordar?”
Mas como eu sou educadíssima, sorri e disse: “Ah, muito obrigada! Eu já já vou descer mesmo.” Ele não fez por mal, mas...
Às vezes eu gostaria de dizer tudo o que eu penso pra todo mundo. Eu até posso, mas sofreria as conseqüências depois, o que não é preciso quando sabemos usar a sutileza.
Por isso, vou continuar exercitando a minha educação e a minha paciência.
Ajuda a evitar rugas e conserva os dentes.

Um comentário:

Anônimo disse...

diplomacia esse é o nome correto.
educação nem todo mundo tem e fala o que pensa, eu, particularmente, adoraria que todos tivessem juntamente lógico com cidadania!
quando alguém te importunar peça para a pessoa adotar um gato. não esqueça nunca do sorriso no rosto.